O destino não podendo ser o que diziam, é pois o traçar das
linhas das mãos? Trocámos as voltas porque a vontade falou mais alto. E que eu não
soubesse, seria igual ou pior. Desci em turbilhão, o início começa pelo fundo,
ouvi dizer pelos suspiros que o vento trouxe. Pelas noites conseguia dormir,
sabendo que os dias passam e que se não estiver atenta passam anos, afinal. O
sangue do nosso sangue não acompanha a alma, julguei. Caíram ambos, pelo mesmo
momento. Pedi-te que a paciência nos acompanhasse, pedi que até ao fim a linha
fosse a mesma.
Vem comigo até breve, perdemos o espaço porque nos deixamos
consumir pelas memórias. A água renova-se, lentamente sinto que não somos o que
fomos, nem éramos o que achávamos ser. A quebra deu-se até no calor dos nossos
corpos, o pensamento vagueia pelos mares do inconsciente, sinto-me a flutuar
entre fantasias e sonhos, questiono o bem da irrealidade. Murmúrios, a paz que
falta. Os cabelos voam densos e suaves, cheira a fogo e a maresia. Embora o
nosso encontro não volte a ser por cá, essa paga que não se apaga, vincou o
passado em perversões. Porém, és sim tu quem persegue o vazio, abençoas o
anoitecer como se de um cristal se tratasse.
Enfim, são sempre os dias uma novidade. Mais um, menos
outro, multiplicam-se os beijos. A fobia construiu-me um caminho de fuga ao
passageiro, por ser assim, intenso e forte, cruel e duro mas verdadeiro,
expresso num arco de pecados. Avancemos, a luta perdeu-se e pelas ravinas já
nem o que sobra aí se encontra. E é como se nem eu soubesse quem fui, quem sou.
Alguém acreditou por mim.