Não me chegava o facto de ser ou ter.
Tive de partir, virar costas não digo.
Acho que não abandonei ninguém, abandonei um sonho já há
muito perdido. Tomei outro rumo, há quem diga que esqueci até o seu nome. Ainda
sei tocar a mesma canção, porém talvez numa perspectiva realista, perdi-me pelo
caminho. Hoje queria sentimentos e tenho-os aqui ao deitar. Se é que me prometeram
mais, chega portanto. E então visto-me com calma e sem pressas, basta-me
demorar porque ainda me lembro de tudo. Parece que foi ontem, ou que foi sempre
assim. Arrependimentos ou remorsos são tão só, inúteis ao virar das esquinas. A
noite é sempre mais escura que o dia e o tempo não volta atrás. Tento esquecer,
embora haja tanto que não se esquece. Marcas que teimam em ficar, mais para
insistir e remoer. Faço o melhor que posso e depois... E depois aí tenho a
resposta da vida.
Espera, assim como eu, que tenhas tudo o que mereces. Espero
pois que com isso prossigas pelo melhor, tal como tento a todas as horas e a
todos os minutos. Ter consciência e seguir por aí, em diante. Faz-me confusão o
sentir, atrapalham-me as emoções. Chateia-me esperar, e o tal problema com
esperas está pior. É grave fumar sem ver fumo, não viemos para ficar juntos. A
escrita matou-me aos poucos e tu nunca foste de letras, sequer. Não fomos
feitos um para o outro, envolvo-me com a tristeza enquanto sorris. Perdi tudo,
até a esperança que não encontrava.
Por fim, peço pelo que falta. Só queria paz no espírito, na
mente. Queria pois, que me embalasses as noites e nem para isso estás aqui. Não
perdi mais tempo contigo, soubeste sempre que seria assim. Gostava de ver
sorrisos, gostava de estar mais leve e liberta. No fundo nem me conheces, já
nem agora será. É Primavera, cela a entrada porque já é tarde. Continuo com as
mãos no mesmo lugar, onde me disseste amar sempre e afinal havia fim.
Findou-se pela centésima vez o que não começou. Enfim,
seguir por aí pode ter sido um erro. Pensei que fôssemos diferentes. Do resto,
até ouvir o que encarar. Voltar? Dava tudo para nunca nos termos conhecido. E
nem tu, voltavas. Ainda assim talvez em vão, escrevo-te.