Um momento precioso de paragem, em avaliação da situação que se encontra tão pouco divergente. O hoje tão distante do ontem, que ostentava suspiros e que actualmente transcende o próprio inverno. Avaliação do encontro entre duas almas perdidas, que tão pouco ou nada as poderá salvar. Ironia do presente, rasteira do futuro que nos aguarda, passado esse que ainda se encontra vigente e não longínquo, onde deveria assentar finalmente. Prudência, o quanto nos fez rir. Remédios, arrependimentos, lamurias e rezas, uma razão tão inútil e incompreensível. Passagens, discretas e simples, de respiração indefinida e de um sofrimento delirante. Recordo o teu sorriso já sem vida, pulsação inexistente, lamentações forcadas, falsos remorsos, cínica paixão, critica sem fundamento, porque sim. Vida sem ser vida e desenvolvida num envolvimento na vida de outra vida. Redundância, infelicidade, palavras escassas para um íntimo infinito cuja realidade tende a sufocar. Brilho vazio, tendência errada derrama virtude num erro gradual e constante. Ainda sinto o teu toque, frio e insensível, consoante aquilo que sonhavas ser amor. A hora marcou 04:56 AM, acrescenta-lhe os segundos em que me tiraste tudo o resto, soma-lhe todos os minutos de imperfeição, multiplica também por todas as horas de vazio puramente indiferente, vagueias pela noite sem ver na escuridão, caminhas durante o dia julgando que o sol te mostra o passo a seguir. É engano, leste bem. É engano, é o facto de simplesmente não prestares, leres tão bem estas palavras, saberes aos poucos que não me conheces e tudo encaixar em ti. Coberto, vestindo a mentira que te dá o braço, que te acompanha. Delicadamente, com um rasto que poucos descobrem.
Questiona o facto deste ruído ser tão insuportável e durar todas as noites. Não há sono que o vença, não há paciência que o suporte nem há muito mais que o mantenha. É deslizar o dedo. Tão certo como cada letra desta frase ter sido por mim escrita e por ti lida. Reclama, faz-me rir e diz-me que a noite afinal ainda não está a dar as últimas. A tua existência é como que um desgosto constante que se degrada com o passar do tempo, é algo falso e sem salvação possível, é beber mais um copo e saber que não há mais a esquecer. Simplesmente, nada ficou porque nada aconteceu. As nuvens afastam-se numa esperança esgotada em encontrar céu azul, um sol, uma paz. Miserável, resta apenas céu morto, escuro e vazio, onde nunca verás sol nem lua. Terás um mero abismo, diante ti. Ajudar-te-ei não duvides, a fazer a escolha mais certa, a não recuar, a dar sim um passo em frente. Ver-te morrer será desagradavelmente agradável. Sei que não irás voltar a abrir os olhos, pouca diferença fará, ou talvez nenhuma, visto que apenas os mantiveste abertos quando vieste ao mundo. O resto do caminho foi cego, foram chamas por ti criadas que te queimaram por cada vez que o teu coração batia. É lindo olhar à volta e ver que no fim de tudo, nada há. Nem a dizer, nem a fazer, nem sequer a lamentar, nada mais pelo qual chorar, nem sequer pelo qual respirar. O fim sente-se próximo, a vida chorar-te-á novamente a mesma canção, se continuar a ser em Dezembro que as almas dançam, este ano não foi ainda a excepção e enquanto isso cantavas, a chuva insistia em cair e o frio envolvia fraqueza e ingenuidade lá fora. Vem aqui ao pé de mim, agora és apenas alma, toca-me na mão e diz-me o que era amar para ti. Aprendi que seria vencer o mundo, não o mundo a vencer o meu amor. Disseste-me que mantinhas contacto, disseste-me que ias falando, nem que fosse um sinal apenas. Só que não há nada, nem sequer um pensamento. Na janela continua a marca daquilo que escreveste sob o vapor da nossa lenta respiração: "god is dead and shall forever be". E então? Do que te valeu pedir a Deus uma vida eterna se nem certa era essa a tua vontade. O que sobrou, a marca da tua mão no vidro, quando me deito e recordo o momento, sinto o nojo que me invade o corpo, o preconceito daquilo que deixei que viesse a existir. Neurástico se tornou o pensamento, o cansaço é cada vez mais inerente, volta para o sitio de onde vieste, a tua origem, o nada, a liberdade, não no mesmo mundo onde todas as noites terei de adormecer. Tornou-se apertado em demasia para nós dois, sabe-lo tão bem. Sabes todas as canções pelas quais te deixaste embalar, acreditando na sua viabilidade, que sempre foi tão nula e falsa, trazendo consigo um pequeno sorriso meu: "dorme bem". Dorme da melhor forma que conseguires, talvez nunca mais voltes a acordar enquanto continuarei eu sem conseguir dormir, a assistir à tua existência degradante. Mentiras, foram tantas e hão-de ser sempre. Faz uma pausa, olha a janela, ouve o mau tempo que faz lá fora. Mas sai, não tentes sequer ficar. Sai e deixa-me apenas assistir ao teu fim, aos poucos e poucos.
O momento de paragem, o qual ainda à pouco referi, refere-se também a todos os anos de morte nos quais me deixaste viver sozinha e com pouco mais. O céu delimitou uma aura negra que nos cobriu, avalia aquilo que para trás ficou, deixa-me ir, seguir ou não a tristeza que todos os dias me persegue. Não é só o tempo, é também a realidade, a vontade, a energia e a paciência. E se hoje o coração bate tão lentamente, é porque provavelmente já bateu bem mais forte do que devia, é ver um passado atribulado e confuso, baralhado. Não há coerência, e o mundo continua pendente.
Monday, December 27, 2010
Tuesday, December 21, 2010
Walking
"So sad but it's so true, this scream just reminds me of you". E porque mais do que ninguém espero ansiosamente que tudo esteja bem e que tudo volte a brilhar como a luz que me iluminava o dia. E a noite quando pensava nos teus olhos. Chamei o teu nome, talvez não fosse essa a palavra que deveria ter mencionado. Primeiramente, desaparecer para todo o sempre e esperar que alguém me venha dizer que a década terminou. Inércia, sublime, subtil, hostil. O único esboço que sustem a realidade divergente que te rodeia, é o esboço do caminho dos teus erros, a idade não perdoa mais. E é difícil mostrar que se perde o controlo quando se está "agarrado" eternamente ao consolo de uma lágrima que nunca chegaria a cair. Necessário foi, antes de mais, sustentar uma sombra que jamais mostraria algo de novo, algo útil e diferente, nas oscilações do tempo quando este se perdeu. Triste vida que receias, tristes aqueles que encontras pelo caminho. Tristes todos os momentos em que senti felicidade num olhar. Tristeza na memória, no coração, no pensamento. Passaste diante mim e nem nos teus olhos me consegui encontrar, exibição de dia, de noite. Não há dinheiro que pague. Há morte. Que um dia quando não esperares vais encontrar. Nesse dia nada mais poderá restar para além da alma, que nem essa será salva.
E sobre a dor, cada passo foi um erro? Teria sido maravilhoso descobrir finalmente um abismo que fosse um holograma no teu interior. A dor não pode fazer mais, não há inteligência suficiente nem disposição para tal. A música que toca voltou a ser a mesma, cheira a sangue, cheira cada vez mais a morte. Não tenhas medo de tentar, é apenas cortar e morrer a sorrir. A sorrir como se o amanhã não chegasse mais, porque não haverá mais nenhum dia. "The moon gave me flowers for funerals to come", quantas vezes o disse. Só queria que estivesses comigo. Perto de ti. Fazer parte de mim, junto a mim. No teu sorriso vi a beleza transcendente do ser humano. Porque é que tem de ser assim, o desejo foi pedido tantas vezes e é como se agora apenas restassem cinzas. Não toques no silêncio, assusta-me o facto de poder vir a ouvir alguém. Passaram tantos dias sem to poder contar, e agora que o fiz, ainda que com um olhar, tudo desaparece. Aproximam-se vultos, pedindo para continuar a acreditar naquilo que sempre pedi. Mas hoje o som não soa ao mesmo, hoje a voz não parece mais a mesma, a paciência não tem sequer, a eternidade necessária.
Chegou agora, é esta a canção mais triste que já ouvi, a alma sente dor, o corpo pouco ou nada mais aguenta, leva-me então todo o sono que ainda possa restar, deixa-me ficar sozinha se não der para mais, mas aquilo que quero ainda se mantém. A fluência hoje não esta nos seus dias, não é arte, não há arte, há um ligeiro acorde que toca sempre a mesma emoção. Dos piores dias, dos piores momentos, quando apenas aquilo que resta e a respiração no vazio da noite, é o estaticismo do momento que parou o tempo como se nunca tivesse vindo a existir. A alma também escreve palavras, com símbolos que expressam talvez uma infinidade que nunca poderá ser contada. A pressão de hoje, leva todo o caminho de amanhã, um dia haverá apenas lixo, vazio, sombra.
Custou tanto ouvir aquilo que tinhas para dizer, como olhar a lua, sentir lágrimas cair, e restar o que? Um sorriso no meio da noite. Tudo aquilo que leste foi tão indecifrável, inalcançável. Uma existência insuficiente cuja dignidade nunca vingou sequer a vinda ao mundo. A pulsação acelera, o som repete-se, um ciclo que se mantém, porque na verdade todos vão virando as costas. Não como que uma reflexão de vida mas como que um suspiro preso de uma alma num corpo. Talvez a vontade fale mais alto. Fogo e água, água que nunca irá arder, fogo que facilmente se consegue apagar. Mortes que se sentem cada vez mais perto, tu não o consegues logicamente prever. Está tanto frio, gostava de te poder cantar ao ouvido, gostava de te poder dizer tanta coisa, gostava tanto de poder falar contigo outra vez. Estou fraca, a noite está tão solitária, talvez hoje mais do que nos outros dias. Nem sempre o mal se corta pela raiz.
Peço-te que, se me consegues ouvir, ainda com a voz que conheceste naquele dia, responde-me e diz-me o que és verdadeiramente. Porque sinto uma espera para toda a eternidade. É esse o grito que me faz recordar de ti, é isso que é triste mas tão verdade. E é saber que já me ouviste, e que agora não resta nada porque não quiseste que assim fosse.
E sobre a dor, cada passo foi um erro? Teria sido maravilhoso descobrir finalmente um abismo que fosse um holograma no teu interior. A dor não pode fazer mais, não há inteligência suficiente nem disposição para tal. A música que toca voltou a ser a mesma, cheira a sangue, cheira cada vez mais a morte. Não tenhas medo de tentar, é apenas cortar e morrer a sorrir. A sorrir como se o amanhã não chegasse mais, porque não haverá mais nenhum dia. "The moon gave me flowers for funerals to come", quantas vezes o disse. Só queria que estivesses comigo. Perto de ti. Fazer parte de mim, junto a mim. No teu sorriso vi a beleza transcendente do ser humano. Porque é que tem de ser assim, o desejo foi pedido tantas vezes e é como se agora apenas restassem cinzas. Não toques no silêncio, assusta-me o facto de poder vir a ouvir alguém. Passaram tantos dias sem to poder contar, e agora que o fiz, ainda que com um olhar, tudo desaparece. Aproximam-se vultos, pedindo para continuar a acreditar naquilo que sempre pedi. Mas hoje o som não soa ao mesmo, hoje a voz não parece mais a mesma, a paciência não tem sequer, a eternidade necessária.
Chegou agora, é esta a canção mais triste que já ouvi, a alma sente dor, o corpo pouco ou nada mais aguenta, leva-me então todo o sono que ainda possa restar, deixa-me ficar sozinha se não der para mais, mas aquilo que quero ainda se mantém. A fluência hoje não esta nos seus dias, não é arte, não há arte, há um ligeiro acorde que toca sempre a mesma emoção. Dos piores dias, dos piores momentos, quando apenas aquilo que resta e a respiração no vazio da noite, é o estaticismo do momento que parou o tempo como se nunca tivesse vindo a existir. A alma também escreve palavras, com símbolos que expressam talvez uma infinidade que nunca poderá ser contada. A pressão de hoje, leva todo o caminho de amanhã, um dia haverá apenas lixo, vazio, sombra.
Custou tanto ouvir aquilo que tinhas para dizer, como olhar a lua, sentir lágrimas cair, e restar o que? Um sorriso no meio da noite. Tudo aquilo que leste foi tão indecifrável, inalcançável. Uma existência insuficiente cuja dignidade nunca vingou sequer a vinda ao mundo. A pulsação acelera, o som repete-se, um ciclo que se mantém, porque na verdade todos vão virando as costas. Não como que uma reflexão de vida mas como que um suspiro preso de uma alma num corpo. Talvez a vontade fale mais alto. Fogo e água, água que nunca irá arder, fogo que facilmente se consegue apagar. Mortes que se sentem cada vez mais perto, tu não o consegues logicamente prever. Está tanto frio, gostava de te poder cantar ao ouvido, gostava de te poder dizer tanta coisa, gostava tanto de poder falar contigo outra vez. Estou fraca, a noite está tão solitária, talvez hoje mais do que nos outros dias. Nem sempre o mal se corta pela raiz.
Peço-te que, se me consegues ouvir, ainda com a voz que conheceste naquele dia, responde-me e diz-me o que és verdadeiramente. Porque sinto uma espera para toda a eternidade. É esse o grito que me faz recordar de ti, é isso que é triste mas tão verdade. E é saber que já me ouviste, e que agora não resta nada porque não quiseste que assim fosse.
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