Tuesday, September 18, 2012

Universal


A jornada desenvolve-se pelo céu: poeta é quem a desvenda. Alguém pede o adeus, alguém divaga pelo oceano que nos faz sentir humanos. A tristeza, poço sem fim, na qual se vê o movimento dos olhos. Há tanto tempo nos meses, rendidos aqueles entre horas de perdão. Pedem por mais. Pedem aconchego. Salvo tantos outros que nem uma palavra ousam dizer. Deveria a morte levar-nos agora? Porque deixámos de provar os nossos erros? A odisseia que vives começa na dúvida do teu ser, onde desde logo acabaste por virar as costas, imundo em vergonha. Cantas por um desfecho que não terás. Rezas por um futuro que não te aguarda. Pecas porque consomes a doença do vício que teimas em não largar. São escolhas. São rumos. São aquelas forças que disseste derrubar. E aqui não há mais nada.

Nem por dizer, nem para dizer.  

Duplicado


Escrevo para ti que tardas em chegar. E quando olhámos o céu tudo parecia nosso, como que um sonho que ambos quisemos. Deitamo-nos e o horizonte foi em partilha. A partilha de um só Sol, de um sorriso e de um amor que nos pertence. Demos as mãos e o infinito que sentimos finalmente nos pertencia. O teu cheiro que decorei, o teu toque que relembra tudo aquilo que não tivemos.
O mundo é nosso. Pedi-te que estivesses bem sem mim, porque ter todo o carinho é impossível. Não fomos feitos um para o outro. Quem sabe noutra vida, noutros tempos que não estes. Sei que não estás deitado comigo e que não é comigo que a tristeza surge. É sem mim, e eu sem ti.
A ausência trouxe a beleza de um se não. Juntos somos terra, arde rodeada de brilho. De manhã as estrelas ainda nos cobrem e todo o verde da natureza olha por nós. Pertencemos á esperança daquelas historias únicas, de cujos autores nunca se souberam nomes. Arte? Não. Pertencemos a uma eternidade onde nos fundimos e aí sim, somos um. E pode doer, nunca te vi chorar por mim, nem por ti viste lágrimas. Deixo desvanecer o teu nome em gotas de água sob a pele gasta da minha inconstância.
Sinto-me viva e não te devo nada. Não escrevo para que leias, não corro para que não me apanhes. É simples, sempre foi tão linear. Temo-nos por momentos, temos momentos. E tão só, sem mais. Não acrescentamos pontos imperceptíveis, nem desfechos repugnantes. Somos tão puros. Só nós. Encontrar-nos-emos longe daqui. Não merecemos a vida que nos calhou porque nunca será a nossa. A minha, a tua. Conheço bem as bifurcações do caminho. E é estreito. Tão estreito, que quanto menos tento, mais nele consigo avançar. Será diferente, prometes-te. Para quando? Vamos ter coragem.
É aqui e ali. Sonhas comigo, tinha-te dito que era lá que estaríamos. Sei quem sou, e tu? Perdeste-te, e caíste num vazio que terá cura em que dimensão? Eu duvido. Duvido da janela que continua fechada, e da porta que não te vou abrir por estes lados. Fica comigo. 
Não esperamos nada do tempo. Não lamentamos por ninguém que não chega. Já dizia a voz da qual nunca ouvi um suspiro. Ainda respiramos. É tempo de avançar.
A derrota é momentânea; a vitoria é constante, quotidiana.  

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