Pensei, em monotonia. Constato que o jogo estaria seguro
enquanto arrisco em trocar papeis.
Outrora o mar parecia-me em paz e em mim presenteei a
bondade. Compreendi por fim que tudo me escapa das mãos sem que passem luzes
pela frente. Julgo que quem peca me deixa ofuscada. Ora e é assim que dói,
abandonaste o que de melhor tinha e sofreste pelo que nunca tivemos. Sentia-me tua
e o conto foi o mesmo, outra vez. Aquela história de eternidade, afins monocórdicos
que me cansam. Porém, a roda segue em diante! Teima em espirais contorcidas de
nostalgia. Olho-me como ser humano e as direcções são as da realidade que
projectei no mundo da cor que os meus olhos veem. Olhos esses que iludem; afligem-me
até nas questões que não colocas.
Não concordo nem aceito as pausas do sono. A tua condecoração
face à ignorância sempre repousou a meu lado, onde fechei os olhos e por mais
te continuei a encarar. Sinto aquilo que penso embora não vá pensar aquilo que
sinta, as contradições do acaso trocaram-me as escolhas. É sempre em vão
tentar-te, nascias pelo outro lado do universo, onde seria impossível que nos
cruzássemos.
Leio-te o silêncio, até aí ausente a perspicácia. A vida
coloca-nos o corpo para Sul e o caminho sempre foi para Norte. O calor que vem
do Sol aquecia-me os dias enquanto estavas longe mas nem assim vi alegria.
Parece que me consumiram a alma, não mais houve pertença. Não perdoo, nem quero
que perdoes, não esqueço e não quero que esqueças. Desculpa pois a ansiedade,
desculpa a precipitação, desculpa os erros enquanto te procuro, desculpa-me a
falha, e como é que consegues? Desculpa, e como é que consegues mudar um rumo
que já se perdeu? Perco-me em vultos de nada.
Sei que o voltar costas pertence a todo o ser. Não me
enganaste porque as tuas palavras eram contraditórias aos teus olhos. Aquilo
que dizias chocava contra aquilo que transmitias. Eras transparente, e ao contrário
do que me ensinaste imoralmente, brindei feliz à tua hipocrisia. Enfim pois,
até lá sei que a pressão te controla e não saberás ser esguio como fui.
Agora que cá estamos, pergunta-te se foi a vida que
quiseste. O que com outros partilhas, os sonhos que se perderam com essas
chuvas turbulentas, só havia violência, levaram-nos tudo e então? Ficaríamos
assim para sempre. Ou tens em mente que podíamos estar separados? Os dias
parecem meses e os meses parecem segundos, confundo o tempo, as minhas palavras
também se trocam. Acreditei mais uma vez nas estrelas, e esqueço-me do arbítrio
e dessa vontade que nasce por aí além.
É como quem salta para um barco já furado, na expectativa de
o reparar. Talvez tenha entrado água a mais e embora o destino seja óbvio, tudo
o que acontece é inevitável. Em vez de ires ao fundo, parece que agora seremos
ambos a descer. Afogamo-nos no silêncio porque iremos os dois ficar sem destino.
A noite é breve ao anunciar a tua chegada, não te espero nem
tão mais te observo porque até o meu olhar gastaste. Falhei tudo aquilo ao qual
chamei de vida. E no entanto, não o quero sequer para mais um só dia mesmo que
o tivesse.
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