Gostei de mim, não de ti e voava por frequências
desconhecidas. Apostava que um dia, seria O dia dos melhores dias. Aquele ali,
longe de mim e de vez para bem longe.
Só me queria ver livre dos sonhos, das ilusões,
principalmente do tempo. Farto-me de ti, farto-me de tudo como sempre assim
foi. Não seria excepção uma vez que não contei os dias mas contei os erros, não
quis saber das falhas mas não esqueci a agonia. É como me sinto, numa
bifurcação. Embora não pretenda optar, nem saídas válidas encontro.
Peço à vida que me dê o mar, o oceano, e a paciência que me
carregue pelas semanas a fio, sem ti a meu lado. Ainda me persegues nos sonhos,
ainda me convences de que ter fome não é morrer, de que pedir por mais não é
pecar e que mentir é somente divergir. Feridas que doem, trago-as e não me
deixam. Adormeço e carrego memórias, trago no pensamento as tréguas com o
inferno. Borbulham nos céus os ocultos que esqueci, sei que fervem para a
plenitude e descem comigo pelo fundo.
De início apenas a questão, quem me nega a curiosidade? No
fim, o caos sem respostas. Ficamos pelo caminho, fartei-me de sofrer.
Porém entrego-me tão só, como outrora o disse. Entrego-me na
ausência, sei que afinal nem assim me completam, nem assim me protegem. Estamos
sozinhos, estivemos a sós para acabar com pouco mais. Era um quase amor cheio
de bloqueios cobertos de expectativas. Não havia nada. Não houve nada, perdemos
os sonhos e falhámos os planos. Sei do que sou feita e seríamos tudo menos o
espelho um do outro, aprendi que ao anoitecer cada um está por si.
Os outros existem na medida em que os projetamos na
realidade, essa tão relativa e tão facilmente dominável. Quase sempre acreditei
que existíamos, falta o quase. Tal como aquele que quase amei, aquele tempo em
que quase fui feliz, ou quase soube que nada por fim sabia. Sorte terás em
facilmente seguir a tua vida, sorte terei em manipular as crenças. Será como se
nunca te tivesse conhecido, será como se a luz que vi acesa afinal fosse uma
vela apagada cujo brilho existiu apenas porque o Sol ali brilhara de manhã. A
verdade é aquilo que tu quiseres que seja. A verdade é o consenso e não o contrassenso.
E quando me apetece partir os vidros e tudo o que me rodeia
então parto para a escrita. Haverá um dia em que nada se consiga atenuar e tudo
sairá destruído mesmo que o tenha construído. Cansei-me das lágrimas porque me
cansei de ti. Cansei-me de mim porque nem sozinha mais consigo viver.
Restou-me aceitar o que tenho. Que é nada.
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