E eu correspondo ao que é ser a melhor, porque ninguém
sequer o pode ser por mim. Seja esguia ou presente, quando simplesmente sou
quem sou, basta-me ser. E ser melhor não implica que não me contraponham a
palavra, nem sequer implica a concordância. Vejo o mundo pela perspectiva em
frente, e por mais confusa que esteja, sei que a dignidade não se compra. E
essa acompanhar-me-á até ao último dia, enquanto o resto possivelmente, já não.
Pouco me interessam justificações credíveis, até mesmo as
compreensíveis já me fartam. Acredito, compreendo, até confio! O que não
significa que compactue. Tu que és ambição, queres mover montanhas, ser mais
por mais além, e consegues ser pequeno no resto. Não tenciono moldar-te nem tão
pouco crucificar-te, pelo que peço que comigo o mesmo aconteça, quem sabe. Não
me moldes a aceitar tudo, apenas por confiar em ti. Não me crucifiques por
saber dizer que não e afastar-me quando o silêncio é o que melhor nos faz.
A vida é sentimento, somos tudo aquilo que o coração sente!
Posso estar na procura pelo caminho há anos, outros nem isso. Com perspicácia
ou com dificuldade, aos poucos ficam claras todas as portas que não abrirei.
Inclusive as que estão à tua volta. Um sentimento pode mover montanhas, mas as
montanhas não se mexem sem que tu lá estejas para as tentar mover. Como tal,
não te vou seguir. Se quiseres, acompanhas-me, caminharemos juntos lado a lado.
Abandonei o velho, as roupas usadas, o passado nas fotografias, canções de
adolescência. Deixei de parte aquilo que não me interessa, ao contrário de ti
que lhes vais dizendo olá de todas as vezes que à frente dos olhos te chegam. E
tu sabes, os erros, o fraco nível, sabes as teias, e a frustração. Sabes os
esforços em vão, tudo aquilo que não tiveste, a mediocridade, a insignificância,
esse teu passado que te ronda ao virar da esquina e onde infelizmente teimas em
voltar.
Lamento que aos poucos o vás percebendo, embora da pior
forma. Lamento ainda mais, o facto de ter de ser assim, porque por ti (somente)
lá não chegarias. E lamento, lamento tão mais que tu. Porque amo amar-te e é a
amar-te assim que sei que amo, porque amo-te como jamais amei e amei-te tanto
que sei que amar-te será sempre assim. Acredita que, nunca lamentarás mais do
que eu. Talvez também porque até o teu mundo é menos expansivo que o meu. E
apesar desse caber no meu, o contrário não acontece. Todos os dias sofro porque
não consigo alimentar como devia aquilo que sinto, de forma exacerbada. E
confio plenamente em ti, apenas lamento o que te ronda, lamento o teu passado,
lamento a vergonha emocional que sinto, lamento tanto, tudo o que tenho vindo a
saber e a pensar, não imaginas o quanto. Não peço que sejamos iguais, peço que
sejamos complementares. Não vivo do interior, há um mundo exterior que nos
ronda e eu lamento não suportar o teu.
E o desapego, e o propósito, fazem-me não ter medo, algum
receio do desconhecido. Mas a Fortuna não nos quer mortos, dá-nos o que temos
de adquirir. Por isso sei que tenho de aprender, sei que tenho sentidos aptos
àquilo que tenho de receber. Se partires, lidarei com a perda. Que no fundo não
será uma perda. Se partir, recomeço as crenças noutro lar. Que será de ti
longe, para ser mais flexível.
A vida quer simplesmente que vivamos, bem ou mal. Não te
prendo, nunca prendi ninguém apesar de já me ter prendido a mim. E desejo-te a
maior das sortes na vida e a mais sincera felicidade a que tenhas direito,
genuinamente. Aceito aquilo que tenho, sou grata pelo que me concedem e
entrego-me ao projecto dos céus. Pouco mais tenho a dizer, muito mais é aquilo
que sinto.