Pergunto todos os dias quando é que as águas irão acalmar. O
que se passará comigo? Sinto-me como se não fosse a pessoa que vivi. Sufoco de
dia para dia e a verdade é que mesmo assim, ainda respiro, ainda sonho, ainda
tenho esperanças embora sem saber no quê exactamente. Enquanto der de mim, é
porque vivo, embora carregue um enorme peso. Quantas vezes mais terei que desesperar
e pedir com todas as forças o início, novamente? Sinto-me fora da existência, e
sei que estou aqui. Agarro-me à vida como se de ar se tratasse, como se pouco
ou nada mais tivesse. É por te amar que acredito, é por querer dar-te tudo de
bom; é por trocar o amor por todo o ego que possa ter, é por te dar a mão mesmo
que precise dela para me agarrar, vivo os nossos momentos.
Vejo-te a flutuar pelo meu chão, como quem foge debaixo de
algo. Vejo-te por perto todos os dias, mesmo que não te olhe, mesmo que estejas
tão longe. Vejo-te fora de mim e sei que estás tão dentro. És como que um
espectro de chamas que arde em mim.
Sair será impossível, perceber o que há é o retorno à
origem, fico cheia de nada porque há mais do que muito à volta de crenças e de
ideias. Acabo por chegar ao paradoxo da saudade.
Talvez aqui veja um novo começo, onde me sento à beira mar
contigo a meu lado. Olhamos o brilho do sol, o movimento das ondas, a claridade
da água e a suavidade da areia sente-se por debaixo dos nossos pés. Olhamos um
para o outro e diante o mundo, somos companheiros, somos um só. Somos vida,
erguemos a vontade pelos céus.
Fui alguém que jamais se lembraria de quem seria e hoje sou
alguém que não se lembra de quem foi.
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