Monday, December 27, 2010

Parar.

Um momento precioso de paragem, em avaliação da situação que se encontra tão pouco divergente. O hoje tão distante do ontem, que ostentava suspiros e que actualmente transcende o próprio inverno. Avaliação do encontro entre duas almas perdidas, que tão pouco ou nada as poderá salvar. Ironia do presente, rasteira do futuro que nos aguarda, passado esse que ainda se encontra vigente e não longínquo, onde deveria assentar finalmente. Prudência, o quanto nos fez rir. Remédios, arrependimentos, lamurias e rezas, uma razão tão inútil e incompreensível. Passagens, discretas e simples, de respiração indefinida e de um sofrimento delirante. Recordo o teu sorriso já sem vida, pulsação inexistente, lamentações forcadas, falsos remorsos, cínica paixão, critica sem fundamento, porque sim. Vida sem ser vida e desenvolvida num envolvimento na vida de outra vida. Redundância, infelicidade, palavras escassas para um íntimo infinito cuja realidade tende a sufocar. Brilho vazio, tendência errada derrama virtude num erro gradual e constante. Ainda sinto o teu toque, frio e insensível, consoante aquilo que sonhavas ser amor. A hora marcou 04:56 AM, acrescenta-lhe os segundos em que me tiraste tudo o resto, soma-lhe todos os minutos de imperfeição, multiplica também por todas as horas de vazio puramente indiferente, vagueias pela noite sem ver na escuridão, caminhas durante o dia julgando que o sol te mostra o passo a seguir. É engano, leste bem. É engano, é o facto de simplesmente não prestares, leres tão bem estas palavras, saberes aos poucos que não me conheces e tudo encaixar em ti. Coberto, vestindo a mentira que te dá o braço, que te acompanha. Delicadamente, com um rasto que poucos descobrem.

Questiona o facto deste ruído ser tão insuportável e durar todas as noites. Não há sono que o vença, não há paciência que o suporte nem há muito mais que o mantenha. É deslizar o dedo. Tão certo como cada letra desta frase ter sido por mim escrita e por ti lida. Reclama, faz-me rir e diz-me que a noite afinal ainda não está a dar as últimas. A tua existência é como que um desgosto constante que se degrada com o passar do tempo, é algo falso e sem salvação possível, é beber mais um copo e saber que não há mais a esquecer. Simplesmente, nada ficou porque nada aconteceu. As nuvens afastam-se numa esperança esgotada em encontrar céu azul, um sol, uma paz. Miserável, resta apenas céu morto, escuro e vazio, onde nunca verás sol nem lua. Terás um mero abismo, diante ti. Ajudar-te-ei não duvides, a fazer a escolha mais certa, a não recuar, a dar sim um passo em frente. Ver-te morrer será desagradavelmente agradável. Sei que não irás voltar a abrir os olhos, pouca diferença fará, ou talvez nenhuma, visto que apenas os mantiveste abertos quando vieste ao mundo. O resto do caminho foi cego, foram chamas por ti criadas que te queimaram por cada vez que o teu coração batia. É lindo olhar à volta e ver que no fim de tudo, nada há. Nem a dizer, nem a fazer, nem sequer a lamentar, nada mais pelo qual chorar, nem sequer pelo qual respirar. O fim sente-se próximo, a vida chorar-te-á novamente a mesma canção, se continuar a ser em Dezembro que as almas dançam, este ano não foi ainda a excepção e enquanto isso cantavas, a chuva insistia em cair e o frio envolvia fraqueza e ingenuidade lá fora. Vem aqui ao pé de mim, agora és apenas alma, toca-me na mão e diz-me o que era amar para ti. Aprendi que seria vencer o mundo, não o mundo a vencer o meu amor. Disseste-me que mantinhas contacto, disseste-me que ias falando, nem que fosse um sinal apenas. Só que não há nada, nem sequer um pensamento. Na janela continua a marca daquilo que escreveste sob o vapor da nossa lenta respiração: "god is dead and shall forever be". E então? Do que te valeu pedir a Deus uma vida eterna se nem certa era essa a tua vontade. O que sobrou, a marca da tua mão no vidro, quando me deito e recordo o momento, sinto o nojo que me invade o corpo, o preconceito daquilo que deixei que viesse a existir. Neurástico se tornou o pensamento, o cansaço é cada vez mais inerente, volta para o sitio de onde vieste, a tua origem, o nada, a liberdade, não no mesmo mundo onde todas as noites terei de adormecer. Tornou-se apertado em demasia para nós dois, sabe-lo tão bem. Sabes todas as canções pelas quais te deixaste embalar, acreditando na sua viabilidade, que sempre foi tão nula e falsa, trazendo consigo um pequeno sorriso meu: "dorme bem". Dorme da melhor forma que conseguires, talvez nunca mais voltes a acordar enquanto continuarei eu sem conseguir dormir, a assistir à tua existência degradante. Mentiras, foram tantas e hão-de ser sempre. Faz uma pausa, olha a janela, ouve o mau tempo que faz lá fora. Mas sai, não tentes sequer ficar. Sai e deixa-me apenas assistir ao teu fim, aos poucos e poucos.

O momento de paragem, o qual ainda à pouco referi, refere-se também a todos os anos de morte nos quais me deixaste viver sozinha e com pouco mais. O céu delimitou uma aura negra que nos cobriu, avalia aquilo que para trás ficou, deixa-me ir, seguir ou não a tristeza que todos os dias me persegue. Não é só o tempo, é também a realidade, a vontade, a energia e a paciência. E se hoje o coração bate tão lentamente, é porque provavelmente já bateu bem mais forte do que devia, é ver um passado atribulado e confuso, baralhado. Não há coerência, e o mundo continua pendente.

Tuesday, December 21, 2010

Walking

"So sad but it's so true, this scream just reminds me of you". E porque mais do que ninguém espero ansiosamente que tudo esteja bem e que tudo volte a brilhar como a luz que me iluminava o dia. E a noite quando pensava nos teus olhos. Chamei o teu nome, talvez não fosse essa a palavra que deveria ter mencionado. Primeiramente, desaparecer para todo o sempre e esperar que alguém me venha dizer que a década terminou. Inércia, sublime, subtil, hostil. O único esboço que sustem a realidade divergente que te rodeia, é o esboço do caminho dos teus erros, a idade não perdoa mais. E é difícil mostrar que se perde o controlo quando se está "agarrado" eternamente ao consolo de uma lágrima que nunca chegaria a cair. Necessário foi, antes de mais, sustentar uma sombra que jamais mostraria algo de novo, algo útil e diferente, nas oscilações do tempo quando este se perdeu. Triste vida que receias, tristes aqueles que encontras pelo caminho. Tristes todos os momentos em que senti felicidade num olhar. Tristeza na memória, no coração, no pensamento. Passaste diante mim e nem nos teus olhos me consegui encontrar, exibição de dia, de noite. Não há dinheiro que pague. Há morte. Que um dia quando não esperares vais encontrar. Nesse dia nada mais poderá restar para além da alma, que nem essa será salva.

E sobre a dor, cada passo foi um erro? Teria sido maravilhoso descobrir finalmente um abismo que fosse um holograma no teu interior. A dor não pode fazer mais, não há inteligência suficiente nem disposição para tal. A música que toca voltou a ser a mesma, cheira a sangue, cheira cada vez mais a morte. Não tenhas medo de tentar, é apenas cortar e morrer a sorrir. A sorrir como se o amanhã não chegasse mais, porque não haverá mais nenhum dia. "The moon gave me flowers for funerals to come", quantas vezes o disse. Só queria que estivesses comigo. Perto de ti. Fazer parte de mim, junto a mim. No teu sorriso vi a beleza transcendente do ser humano. Porque é que tem de ser assim, o desejo foi pedido tantas vezes e é como se agora apenas restassem cinzas. Não toques no silêncio, assusta-me o facto de poder vir a ouvir alguém. Passaram tantos dias sem to poder contar, e agora que o fiz, ainda que com um olhar, tudo desaparece. Aproximam-se vultos, pedindo para continuar a acreditar naquilo que sempre pedi. Mas hoje o som não soa ao mesmo, hoje a voz não parece mais a mesma, a paciência não tem sequer, a eternidade necessária.

Chegou agora, é esta a canção mais triste que já ouvi, a alma sente dor, o corpo pouco ou nada mais aguenta, leva-me então todo o sono que ainda possa restar, deixa-me ficar sozinha se não der para mais, mas aquilo que quero ainda se mantém. A fluência hoje não esta nos seus dias, não é arte, não há arte, há um ligeiro acorde que toca sempre a mesma emoção. Dos piores dias, dos piores momentos, quando apenas aquilo que resta e a respiração no vazio da noite, é o estaticismo do momento que parou o tempo como se nunca tivesse vindo a existir. A alma também escreve palavras, com símbolos que expressam talvez uma infinidade que nunca poderá ser contada. A pressão de hoje, leva todo o caminho de amanhã, um dia haverá apenas lixo, vazio, sombra.

Custou tanto ouvir aquilo que tinhas para dizer, como olhar a lua, sentir lágrimas cair, e restar o que? Um sorriso no meio da noite. Tudo aquilo que leste foi tão indecifrável, inalcançável. Uma existência insuficiente cuja dignidade nunca vingou sequer a vinda ao mundo. A pulsação acelera, o som repete-se, um ciclo que se mantém, porque na verdade todos vão virando as costas. Não como que uma reflexão de vida mas como que um suspiro preso de uma alma num corpo. Talvez a vontade fale mais alto. Fogo e água, água que nunca irá arder, fogo que facilmente se consegue apagar. Mortes que se sentem cada vez mais perto, tu não o consegues logicamente prever. Está tanto frio, gostava de te poder cantar ao ouvido, gostava de te poder dizer tanta coisa, gostava tanto de poder falar contigo outra vez. Estou fraca, a noite está tão solitária, talvez hoje mais do que nos outros dias. Nem sempre o mal se corta pela raiz.

Peço-te que, se me consegues ouvir, ainda com a voz que conheceste naquele dia, responde-me e diz-me o que és verdadeiramente. Porque sinto uma espera para toda a eternidade. É esse o grito que me faz recordar de ti, é isso que é triste mas tão verdade. E é saber que já me ouviste, e que agora não resta nada porque não quiseste que assim fosse.

Sunday, November 28, 2010

Sunday

Pedi-te que voltasses ainda que a luz do dia já estivesse escassa. Ilusão, tornou-se pecado.

Friday, September 17, 2010

Burning.

Hoje a noite está calma, negra e agradável. Deitei-me enquanto te ouvia respirar. Abraças-te toda a minha tristeza, infelizmente não a pudeste levar contigo "... And I'll never be clean again". Nunca conseguirias fazer nada por mim. Ponderei sobre tanta agonia, reconsiderei tantos erros cometidos irresponsavelmente, derivados do sufoco que me causaste. Porque sim. A chuva continuava a inundar o meu pensamento, tantas gotas a cair de uma só vez. Inércia, apatia, indiferença, desleixo, despreocupação, descrença. Mostra-me o horizonte, vejo um traço vazio, desprezo uma suposição de fé. Não há fé. Por entre as árvores, o luar oscila num pensamento perdido entre mágoas, leves e desfocadas, memórias que para lá ficaram.

A vida não te trouxe nada de novo. Perdi o meu tempo, queimei tantas páginas que escrevi, onde podias ter lido o quanto te cinicamente amava. Não há amor, nunca houve, há vazio. A minha voz fez calar a tua, ainda que não tivesse sido necessário gritar. A tua voz nunca falara mais alto, esquece-se no meio do resto. Lembranças que jamais existiriam. Agradeço-te se hoje deslocares esse teu olhar para o fundo do céu, talvez assim encontres tudo aquilo que foste, um desperdício inútil, sem valor. Sei que as tuas capacidades se limitam à insignificância da existência, onde te reges por leis que, julgas tu, não serem impostas pela Ordem. Não há muito mais a dizer, nunca houve. Não quero ouvir uma única palavra nem sentir um único gesto. Por mais banal que seja.

O sol de hoje não queima como nas tardes passadas, a lua não te trará a noite, não foi feita para que a visses sobre ti, há coisas que não irás merecer. Não te irás deitar num campo para ver as estrelas oscilar durante a noite, não é o teu céu, nem foi, nem vira a ser. Quem te garante que a vida é real? Quem te explicou que estás diante daquilo a que chamam realidade? Chamaram-no. Não o provaram. Conformas-te, sujeitas-te. Não quererás morrer sem o ver primeiro, de que te vale isso. Será com antecedência que a obsessão tomará conta de ti, dificilmente te apercebes. Vives aquilo a que chamas de vida. Violaste os princípios da paciência, quebraste tudo aquilo que se poderia tolerar. O dia já terminou, por fim. O elo que ligou o teu inconsciente ao meu vazio, foi tão fraco e efémero que acabou por se dissolver entre suspiros. De nada, suspensos em literalmente nada. Quando me deitei, a respiração que ouvi, quem sabe fosse apenas a minha, talvez tu já nem respirasses ainda que não me tivesse apercebido. Nenhuma diferença me faz. A noite, hoje veio para ficar. Será no meu céu que as estrelas se movem, mortas. And please stop breathing at all, because life's ending tonight.

Tuesday, September 14, 2010

Noite.

Abri a janela e olhei a noite tal e qual como tinha feito no dia anterior. Olhei-a estrela a estrela, sustendo a respiração e admirando cada raio de luar. Nada de novo, a vida não se vê passar a sorrir. Cada passo que dei, ainda que inconscientemente, trouxe-me apenas mais dor. E ainda bem. Sempre me deu prazer, ver aos poucos, lentamente, a deteriorizacao do meu sofrimento. Não beneficiei, antes pelo contrário. Perdi. Perdi aquilo a que um dia chamei de meu, perdi aquilo a que um dia chamei de nada. As falhas que pelo caminho se formaram, os entraves que se opuseram diante mim, de nada valeu. A morte veio mais cedo, antecipou-se. Gosto de saber que a morte é a única coisa certa de uma vida, consequentemente, teremos o fim. De tudo.

Talvez hoje o vento soprasse com menos intensidade, talvez hoje fosse o dia em que deveria soprar com muito mais força. Poderia levar tudo, consigo. Poderia deixar-me a mim, sem nada. A imagem que me quiseste mostrar da tua alma, foi o nada que não soube que existia. Enganei-me ao supor que a inocência e aquilo a que chamei de pureza, viviam contigo enquanto tu não passavas de algo abstracto e inútil. Rondaram-me suspiros, fazia-se tarde sem que se conseguissem entender. Sem qualquer função para que se fizessem ouvir, foram ignorados. Perdidos no vazio, oscilando no horizonte. A janela por onde te avistei, actualmente já não é a mesma que todos os dias abro, com as mesmas mãos, com o mesmo jeito. Se é que algum dia existiu. A luz perdeu-se, não há nada nem ninguém, há algo que tem de ser sustentado. As palavras são fracas, as lágrimas estão ausentes. A morte chegou ontem, o vazio é inconsciente.

Friday, September 3, 2010

Friday, August 27, 2010

Still seek.

Não há tempo para lamentar as palavras que nunca me disseste. Não há coerência, ainda que outrora no vazio que pensaste pisar, tivesses julgado sentir. Sentir, o nada que prende tudo aquilo que observaste. Estava longe o dia onde as nuvens se uniam diante ti, embora me tivesses embalado numa melodia diferente, fazendo com que a monotonia se quebrasse, ainda não conseguiste que a virtude chegasse, desta vez, para ficar. O Inverno trouxe o vento que faltava para te sussurrar memorias que esqueceste, trouxe a chuva que perdeste pelo caminho para te atirar com ódios que negaste e por ultimo cobriu-te com o frio, o tal de quem sentiste a falta, cujo nome nunca soubeste pronunciar. Guerras que nunca venceste, o mundo ardia, vias com os teus olhos e deixavas andar como se nada se intrometesse no teu caminho, triste ilusão da qual infelizmente nunca te conseguiste livrar. Foi neurástico, toda a tensão condensada no teu inconsciente, mergulhaste no absurdo e não há salvação, pelo menos, por agora. Estavas ciente de que um dia tudo tinha de terminar, mesmo assim parecia imóvel a tua dor. Não houve tempo para questionar, a saída sempre foi a mesma e esta vez, não seria a excepção, sem nenhuma lamentação da minha parte, do meu lado.

O som que se fez ouvir, um acústico já desafinado, a voz gasta, murmúrios, a respiração de alguém enquanto dormia. Não houve muito mais para além disso, a verdade que te conduziu na eterna procura, mas num impossível achado. O ciclo será sempre o mesmo, correr por um caminho que te levará ao vazio. Guias-te por clichés inofensivos, perdes noções absolutas da realidade onde vives, aquilo a que chamas liberdade não existiu nem sequer num segundo. E… E quando me disseste ‘’estou livre’’, só pude pensar com indiferença no estado lamentável em que te encontravas, na rota que acabavas de traçar, nas escolhas que fazias, sem significado algum, no sofrimento que os teus olhos desenhavam para onde quer que olhassem. Dirigiste-te ao ego, através do qual viajaste ao mais profundo da tua alma e o que sobrou, foi nada. A sombra que até aqui te trouxe viu-te de costas e sorriu. A despedida tornou-se tão fácil, não existem mais palavras para ler. O conceito que guardas daquilo que um dia pensaste ser, não passa de mais um estereótipo no meio de tantos outros que foste idealizando no meio da tua mente confusa e limitada onde só regressões se podem encontrar. Quantas vezes quiseste saber como se podia ler o coração de alguém? Quantas vezes me perguntaste o que seria certo? A morte. Algo mais certo até do que a tua sanidade mental, ou até mesmo mais certo do que a tua própria existência.

Chega de gritos, chega de pensamentos inaudíveis, inalcançáveis e inúteis. Chega de frases pendentes, inconstantes, perdidas e sem significado. Nada do que possa vir conseguirá mudar aquilo que já foi dito, feito, visto e escrito. Dizes hoje, deixaste-o ontem, apagaste-o para sempre, de vez. Finalmente? Talvez o momento fosse agora. E já não estás presente para o encarar, não de frente, contudo também não o conseguirias. Não daria para mais, se a vida tendia em finalizar o golpe com um achado que não especulavas, cujo objectivo seria denunciar aos poucos todos os erros que cometeste. A tua dor sempre esteve fragmentada, as peças que tentaste unir nunca encaixaram visivelmente no ângulo em que as quiseste colocar. No entanto, por detrás sempre te doeu, mas não mais do que a mim. É por isso que hoje te digo, não vale a pena, nem nunca valerá.

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Wednesday, July 14, 2010

Coerência.


Vazio. Pairar. Flutuar. Oscilar. Suster.
O mundo está pendente.

Thursday, July 8, 2010

Seis.

Hoje as notas soaram mais baixo, as palavras não eram tão vastas, o vento não soprava para esse lado, a corrente também não estava nos seus dias. Foi rápido, simples e leve. Não consegui respirar, não consegui ver mais nada a minha frente, foi como se tudo se tivesse apagado para sempre num segundo apenas. Talvez já tivesse dado a uma da manha, ou se calhar já tinham passado as duas, quando esse momento passou, quando estas palavras foram escritas. A melancolia instala-se outra vez, torna-se tão neurótico e ciente, tão certo e tão pobre. Os teus suspiros não se fizeram ouvir. "The moon gave me flowers for funerals to come" - sei que ainda o lembras, embora se torne cada vez mais perdido conforme o tempo passa. Perdido entre sentimentos, perdido entre diálogos, perdido entre outras frases, perdido entre emoções. Continuam a existir doze mórbidas maneiras de morrer, continuam a existir apenas doze medos que me levaram a desejar não viver mais. As vezes a noite quer-se despedir, mas ele não deixa... Tudo se torna negro, tudo se torna nada. Ainda dizem que entre a escuridão há luz, eu também a consigo ver, ainda que não a consiga seguir porque nunca me deixaste abrir esse caminho.

O sonho faz-se ouvir, não foi só hoje, já outrora falára mais alto e alguém o tentou calar. Continuei instável, insegura, inútil. Não da mais para respirar, a lua não chega para iluminar a noite, tudo morre de uma maneira tão bonita, é o momento da libertação, as lágrimas podem ou não cair, mas não mostram o caminho, nem mostram a luz. A queda dá-se aos poucos, a vontade de chorar desaparece, as palavras começam a fluir, apenas os sofrimento continua imóvel. O vazio não desaparece, nem naqueles pequenos momentos em que o preenches. Sentir, unidade. Não... Até hoje. Até quando mais? Não é agora que as almas dançam. Não é agora que as respostas surgem, talvez até a certas perguntas que não fizeste. A morte mente ao nosso lado, o infinito cega-nos a mente, é do céu que vem as vozes, é no céu que conseguimos encontrar o véu negro que nos da aquilo a que chamamos de cor, ao dia. Morte. Não há mais nada certo. O que pensamos ver, é efémero, o que pensamos sentir, é ilusão. Não viemos para ficar, viemos de passagem. Os portões estão sempre abertos, quando me dizes para te deixar ir, sabes que nunca te impediria. Li no teu inconsciente a beleza da alma que trazes contigo, vi no teu consciente a tristeza que todos os dias carregas sem deixar que eu te de, sequer, uma mão. Diz-me, tu, o que é que podemos viver mais certo do que a morte? Diz-me o que é que tanto procuras se eu nunca to consegui mostrar? E por fim, peco-te que não me abandones, sozinha, quando a hora chegar, peco-te que sejas tu a pegar na minha mão e a levar-me contigo. Lentamente. Descendo pelo céu, talvez me ouças chorar o quanto te amo, talvez me vejas sentir o quanto quis de ti. Sei que se o fizéssemos juntos, o fim podia vir a ser feliz. O que é que falta? Neguei-te a eternidade? Sempre ouvi a chuva cair lá fora, sempre a observei da janela, já embaciada, o dia estava cinzento, as poças eram cada vez mais. O que é que importa isso? Não te impediam de chegares a casa.

Tenho insónias, não sinto sono, como em todos os outros dias. Entre as sombras, gostava de me mover, mas para que? Não vou encontrar mais nada. Duas almas, ou três, que podiam, mas não estiveram. Há frases que não se terminam, há coisas, que não se dizem. Os dedos não estalam, está calor hoje. Lembraste? Disseste-me quando estávamos rodeados por pessoas... E eu nunca consegui ver ninguém. Podíamos ter feito tanto, as lágrimas já caiem sem que nada mais aconteça, por detrás das nuvens, já nem sol existe. As almas não dormem, enquanto o vazio não for preenchido, outra vez. Insónias, não da mesmo para dormir, não da para descansar, não da para ver mais nada. Quantas vezes já escrevi estas palavras ao som destes acordes, até te cheguei a dizer que afinal havia solução, que afinal a luz viria amanha. Mas não veio, custa, tanto. E claro que não acendi velas, nunca gostei de remediar. Só ouvia gritos entre a escuridão, literalmente, sim. Talvez porque não havia mais nada para poder ouvir.

O sono parecia vir, mas as horas passavam e o que sobrava era o nada. Dois espíritos, juntos, foi tortura meu amor. Todas as noites te dava a mão, te dizia para apagares as luzes, para estarmos em unidade. Choraste-me no ombro, fiquei estática, imóvel, e desculpa por não te ter limpo as lágrimas. Penso que talvez não valesse a pena, tinham de cair. Disseste-me "foi o melhor de sempre. Obrigado.", sei que foi, e de nada. Talvez amanha as notas soem mais alto e se façam ouvir, talvez amanha as palavras sejam mais vastas e significativas, talvez amanha o vento sopre para o lado certo, para aquele que já devia soprar há mais tempo, talvez também a corrente passe a seguir a direcção certa, aquela com que sonhamos. Aquela primeira vez em que te disse que de facto, te amava "purest sorrow, embrace my soul’’ and now, I can't sleep.

Friday, May 28, 2010

Weakness

Um.. Soube. Dois.. Vi. Três.. Senti. Quatro.. Li. Cinco.. Ah. Mais tarde ou mais cedo, acabaria por perder. Não sei ao certo o que, não sei ao certo quem, nem mesmo o porque. Algo que era meu, algo com o qual vivi, meses, ou anos. Perdeu-se. Num vazio tão grande... No entanto, não sei sequer se o cheguei a ter. As memórias são constantes, também os sentimentos são sucessivos. O controlo não é muito sendo que aquilo que se quer, nem sempre se alcança. Quis correr mundo, quis escutar alguém que nunca tinha ouvido, quis viver ilusões, quis ter fantasias, quis levar a energia ao limite... Terá válido a pena? Magoou? Consegues ouvir-me? Consegues sentir-me? Consegues viver aquilo que vivi? Consegues tu... Ver-me? Ou olhar por mim? Dei tantas voltas... Perdi tanta coisa... Olhar para as sobras, para os restos, ver cinzas. Das quais se pode retirar algo novo. Não lágrimas, não suspiros, não tristezas, mágoas. Algo mais, algo mais.
Qual a falta? Sinto a falta dessas palavras, sinto a falta de o sentir comigo, não apenas perto de mim. Aqui. Aqui comigo, aqui e ali, sempre. Ser traída pelas costas, ver toneladas de memórias atiradas ao mar com vergonha de serem lembradas. É parar. É parando que talvez se encontre o caminho. Se é que este alguma vez foi traçado para que o encontrasse. A dor chega a ser física, quantas mais vezes já o disse. É a última vez... A última. Não é uma despedida. Foi o fim, sem que o fosse preciso anunciar. Um dia, quem sabe, um dia seja possível um beijo infinito que nos una para sempre. Um rasto de luz que segui, procurando um fim, que nunca encontraria. Só hoje cheguei a essa conclusão, porque? Provavelmente já tinha chegado ontem. Não quis dar atenção, não quis dar a devida importância, porque talvez nem a tivesse.
Passo a passo, sinal a sinal, deparei-me com a marca, com parte da consciência morta. É a verdade... E eu estive lá. Fui eu. Fui eu. Não digo a culpada, mas também a culpa tomou conta de mim. É fácil mostrar o quão fácilmente tudo isto acontece. Anos. Traição. Uma vida. Um segundo. Tudo. Nada. Antagonismos que conseguiram encher um caminho de mágoas, um caminho de cansaço. Fui eu que soube, tal como fui eu que tudo vi. Fui eu que senti, fui eu que li. Será finalmente?

Sunday, May 9, 2010

Embassy Gardens & St. James