Thursday, January 24, 2013

Imagine If


E é tão mais tarde do que aquilo ao que estamos habituados. Quase seis da madrugada ou por aí tao perto. Enquanto ainda nos uníamos por motivos inválidos, ou que nunca existirão. Sobre as horas disseste, que nada restava. E era suposto perdoar-te o quê? A atenção que não me dás? O valor que não tens? A posição que não ocupas? Já nada por ti perco. Já pouco ou nada sei. Por ti nem por mim me movo, aquando me dizem para avançar. Não valeria a pena, se calhar porque também tu nunca questionaste meras pretensões.

A tua vida: ilusões, monotonia e infelicidade. Já nem recordo o tom da tua voz assim como esqueci as promessas que tão gastas ficaram no caminho que nos persegue.

Não sei se ambiciono o que descansa pela nossa pendência. Já não sei se é em ti que o sentimento e a dor se fundem. Não idealizo, porém, estátuas quebradas em nosso nome pois não sei sequer, se, também nós somos imóveis aquando o passar do tempo. Por isso, não guardo carência ou rancor por uma marca na realidade dos demais, marca essa que, imaginemos, fosse traduzida num presente constante. Prefiro que, sejamos tal como o vento. Passageiro e efémero, que por todo o lado oscila, brando ou tempestuoso, mas sempre em movimento. Ainda que, por vezes nem sequer exista. Ou que não se dê por ele, assim como por nós não dão conta. Por tantos minutos em que nos perdemos, por tantos sonhos que não vivemos, em tantas lamentações que por ausência vão ficando. Suspensos. Não temos nada. Sei que o adeus já menos se aproximou, e que hoje toca aquele chão que vou pisando, enquanto respiro a certeza de um final ao qual sempre resisti. Tenho saudades tuas. Mas a vida nunca nos prometeu felicidade. Não nos enganou, é certo, sim? Se calhar viste sinais onde o nada persiste e não existe, palavras silenciadas ou quem sabe, textos inacabados, cuja autoria não fora a minha.

Já nem ouço o bater dos nossos corações. Aquele teu ritmo falhado que não acompanha o meu. É de dia que se vive, e os dias não mais nos esperam. Sabes o quanto custa aceitar a perda? Como que uma despedida intemporal, sem datas que a marquem. Algo certo mas indeterminado. Não somos fortes, falhámos a oportunidade, falhámos pelo destino. E tão só, hoje junto as peças: nem me saudas quando regressas, nem um adeus quando partes. Prefiro achar que tudo está bem quando sei que nego a possibilidade de algo mau estar a acontecer. Não está e quem sabe jamais, antes estivesse. Antes a arrogância, o ciúme e a raiva. Do que um virar costas, um desprezo. Só e apenas tal vazio. Aliados ao silêncio e ao pranto incapaz. Já não te ouço, eu não te consigo ouvir, qual ausência. Onde é que estás? Onde ficaste tu enquanto te chamo e lamento? Quase te amo. E embora seja certo que não te vá gratificar de futuro, reconhece que a eternidade não nos pertence, mas integra-nos. E o concilio das almas reuniu-nos um dia, a hora estava marcada. Desde aí, que não vais ser tu a acabar connosco visto que algo, ou alguém, já nos deu o mundo.   

Tuesday, January 8, 2013

Rascunho

Contigo sinto-me em mim, sem ti sinto-me sem mais. A perfeição ganhou existência aquando nossa união. Presentei-o os dias com uma constância que não terei. Impeço-te de falar porque já nem o silêncio corrompe. Não mintas por tanto se nada me dás. Agradece pelo que foi e nunca pelo que se especula. Sempre soube que a nossa energia era una e que o nosso caminho era certo. 

Fizemo-lo com compaixão e não pela vontade que temos, e ainda a temos. Revejo dons em ti que outrora vi em mim. Não os admiro, mas lamento que embora tão grande, vejas por tão pouco no pecar diminuto. E o tempo dir-te-á o quão errado estás. Esse tempo ao qual viras as costas enquanto não te surpreende de frente. Nem eu venci. Escolhi a felicidade, mesmo sabendo que nunca a conheceria. 

Os brilhos à volta que não importam, as sombras que perduram com o passar do vento, a suavidade de uma respiração pela manhã - no momento certo revi as horas. Tenho-me apercebido que passaram meses fazendo com que se registassem anos, afinal. Ora, e quem o perdeu e negou? Quem o viveu e suportou? Assim se carregou somente. O peso da dor no pensamento, no sentimento, no esquecimento dum só tormento. Pois querer-te-ia dizer que basta, para já.

U


É sentir o pulsar do mundo no próprio corpo. Como se cada onda sonora fosse visível e palpitasse ao longo da pele. Ser parte integrante daquilo que é um todo. Sentir como se fosse. Ser como quem sente. Voar pelos horizontes desenhados sem que haja cansaço. Correr milénios de história em pensamento. Uma mente que viaja à velocidade do tempo. Ouvem-se as batidas do coração da vida juntamente com a leveza da alma.

Dar e receber, receber e dar. Saber que o Universo não é um apenas. Saber e estar consciente de que o infinito somos nós. E nós somos o infinito. E a eternidade aqui nos bate à porta todos os dias. A última chamada. A última madrugada. A última noite. Não percamos o fio. Se não há fim quem procura inicio? Deixa-te ir. Até onde haverá vontade? Deixa-te ir. Defines prioridades ou escolhas? Deixa-te ir. Perdes-te no tempo? Deixa-te ir. Apenas o Divino semeia o Destino.

Já se tocou por muito mais. Adormecem os que restam como se agora acordassem. O plano daqueles que vagueiam começa hoje. Perspectivar foi passado. Agir é presente. Pregas a fundo, a batida voltou á Terra. Vives, pensas e sentes.  

Embassy Gardens & St. James