Wednesday, July 17, 2013

Ensaio 1

Sabia que a vida não esperaria por mim mesmo que lhe pedisse, assim como o tempo não pausa aquando um súbito travão.
É subjacente ao decurso a continuidade. Mas ela não o é em todo, é uma especificidade que contorna as almas e os corpos. Orientações não são ordens e se fossem até a Fortuna mudava o tom. Quero o vento, quero os mares, quero as ondas sonoras, quero o céu e as tempestades. Quero o caminho da vida embrulhado nas perdas da vitória.
Nem sequer receio horizontes desconhecidos! Não temo a frustração nem os pesadelos, nem sequer a morte.

A fauna e a flora acompanham o compasso, é tão natural que as águas sejam paralelas. Acho que provei a perfeição e desconfio que a sorte brinque comigo. Suspeito que me testem a sabedoria, dando-me por agora aquilo que não voltarei a encontrar. Por consequente, encaminham-me o fim e enfim, não aceito nem me sinto capaz para tal. Vivi ao limite e não sei lidar com a queda, é portanto demasiado alta. Olhei o mundo em redor e acreditei que seríamos diferentes, acreditei não só por ingenuidade mas por pureza e por tudo o que te dou ser genuíno. 

Se a vida tinha começado então porque é que acabaram com ela? Assim fechei os pecados a sete chaves para que me roubassem o resto. Podia nunca mais voltar a viver sem ti, é tão certo. Nunca quis repetir aqueles versos, escrevi as páginas e encerrei o conto. Queria que tudo ali ficasse, no tempo, na frequência. Que fossemos diferentes, que fossemos um passo em diante. Onde o mar se unia com o céu, no horizonte pairavam os nossos nomes. Vi contigo as estrelas, beijámos a areia e louvámos o amor. De ti não me despeço porque tanto te amei que prometi que voltaríamos a ser um só. Volto a ti, e tu a mim, fora do padrão dos deuses onde o livre arbítrio nos encaminha um para o outro. Ainda sinto o resto de tristeza que me invadiu, ergui a flecha do orgulho e foi aí que soube que não perdi rumo. Razões não chegam e no entanto nem quero que sim, virei as costas à lógica. Se não investires naquilo que a longo prazo desejas não verás as velas ao fundo, que queres que ardam sem apagar. Verás cinzas e pouco mais, feridas do passado.

E só podia ser contigo. Porque se não fosse, não era nem havia. Não sabia, não sentia, não acreditava, nem amava. Os eixos propõem: vivemos ou deixamos para trás. Sinto como que um dever natural, espontaneidade em demasia. Ter vontade constante, não ficar por aqui. É amar e viver para mais, a teu lado e contigo. Se antes não havia sentido, agora parece-me iluminado, claro e óbvio, por seres tu, que és tão tu e somente tu, esse alguém que é amor, música e natureza. Alguém que ao inicio dos dias e ao começar das noites, é vida.

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