Onde errei?
Questiono o preço que tenho de pagar por ser como sou
enquanto aqui estiver, e não obtenho resposta. Não sei se me falta no que
pensar ou se há ausência no que confiar. Sei que já chega de barulho e de
confusão, bastam as dúvidas que tenho na mão. Passaram as expectativas,
passaram as ilusões e a vontade que antes era tão determinada. Não sei ao que
me agarrar, procuro desesperadamente respostas para o que deva fazer, de onde
deva sair, como me encontrar e saber afinal de contas quem sou e como continuar
a perseguir os meus sonhos, pois até esses desconheço o paradeiro. Abanam aos
poucos os pilares e sei que vou ficar sozinha. No meio de tanto, acaba por ser
pouco ou até relativamente quase nada.
Eu não sei se gosto de ti ou da fantasia que criei à nossa
volta, embora tenha momentos em que sei que te amo mais do que tudo no
universo, e outros em que nem sequer te amo, e não sei onde estou. Sei que
estou doente, sei que estes pensamentos não me pertencem, sei que preciso de
ajuda, sei que não quero isto porque se assim for, então o caminho não é por
cá.
Por último, volto a dormir. Como se nada fosse. Repito o
gesto de um "até amanhã" que o dia vem como novo, trazendo tudo o que
o presente que hoje nos deu acumulou do passado. É como que fingir o
"vamos lá". E vamos... Pois vamos. Finjo que durmo, finjo que
descanso. E tudo estaria bem, quem sabe, um dia mais tarde. Porque agora a
história volta a ser a mesma, num registo mais agravado que ocorre pelos meses
que por mim têm passado. Meses esses que me fizeram perder o rumo e nem me
consigo lembrar de metade, como se de um filme desinteressante se tratasse.
Pedia por desejos e estupidez, pedia por quereres e insensatez. Acho que pedir
vida teria sido mais útil e necessário. Preciso de me curar e em seguida, de me
encontrar. Ninguém merece dias como se de guerras se tratassem.
Quase estoirei com a minha mente, hoje não penso e apenas
reajo. Dei-me mal com o risco, devia tê-lo calculado. Assento os pés na Terra e
sinto que não pertenço aqui. É o que mais peço: ajudar e ser ajudada; amar e
ser amada; ser consciente e ser saudável. Que a Fortuna encaminhe os mares, e
que consiga domar os ventos para o Norte da evolução. Sei que não pode intervir
no percurso de cada um, sei que vou ter de esperar. E aguentar. E experienciar.
E levar com mais, sim. Sei disso, a guerra já vai forte mas a batalha parece de
início. O quanto me custa, o quanto já passei. Peço perdão do mais fundo, pelos
erros e pelas falhas. Um mundo novo, renascer.
Que dor de cabeça.
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